Depois de três tentativas frustradas em conceder à iniciativa privada a operação da BR-381, que liga Belo Horizonte a Governador Valadares, a estrada foi finalmente leiloada. A gestora 4UM venceu a disputa para operar a BR-381, conhecida como Rodovia da Morte pelo alto índice de acidentes. O certame aconteceu nesta quinta-feira, na sede da B3, em São Paulo.
A gestora paranaense apresentou o maior desconto sobre a tarifa de pedágio, critério escolhido para definir o vencedor: 0,94% de deságio. A 4UM disputou a rodovia com a gestora do Opportunity, que ofereceu desconto de 0,10%.
A 4UM Investimentos tem sede em Curitiba e soma mais de R$ 7 bilhões sob gestão. Com a vitória, entrou no segmento de infraestrutura. Especializada em investimentos de longo prazo, a 4UM concluiu no mês de agosto a estruturação de um fundo de investimento em participações para atuar nos próximos leilões de rodovias, começando com a BR-381. Entre os cotistas desse fundo, estão as famílias Malucelli, Salazar, Federmann e Backheuser, acionistas das empresas MLC, Aterpa, Senpar e Carioca Engenharia.
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) fez pelo menos três tentativas anteriores de leiloar a BR-381 aconteceram em 2021, 2022 e 2023, com diferentes modelagens, mas não apareceram interessados. Segundo especialistas, trata-se de um projeto complexo, que oferecia muitos riscos ao operador privado.
"É uma concessão que já deveria ter sido feita há 20, 30 anos, mas que agora saiu do papel. Vai ser excelente para o Leste de Minas. Cidades como Governador Valadares, Ipatinga e Teófilo Otoni terão condições de se desenvolver ainda mais", disse o governador Romeu Zema.
As obras de duplicação e melhorias na rodovia são reivindicações antigas do Governo de Minas. O percurso, que passa pelo Vale do Aço, uma das regiões mais importantes para a siderurgia no estado, será administrado pela iniciativa privada pelos próximos 30 anos. A 4UM Investimentos foi selecionada com base na oferta do maior desconto tarifário, 0,94%.
“É um trecho com muitos acidentes, muitas curvas, de difícil ultrapassagem, veículos de carga, e essas obras vão trazer essa segurança e mobilidade, que é um dos principais pontos da concessão”, ressaltou o governador.
Desde 2019, em diferentes ocasiões, a concessão da BR-381 vem sendo solicitada à União diretamente pelo governador Romeu Zema, visando contemplar essa demanda histórica que vai beneficiar todos os mineiros.
Desenvolvimento econômico
O sistema rodoviário BR-381/MG permite a interligação de Minas Gerais com estados da Bahia e do Espírito Santo, onde estão localizados complexos portuários fundamentais para o escoamento de produtos agrícolas, pecuários, mineração e industriais de matrizes econômicas diversificadas.
Além de melhorar a infraestrutura e a mobilidade, a concessão deverá gerar cerca de 73 mil empregos diretos e indiretos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e a criação de novos postos de trabalho em Minas Gerais.
Entre as intervenções previstas estão a duplicação de 134 quilômetros (entre obras remanescentes e novos trechos), a construção de quase 83 quilômetros de faixas adicionais, cerca de dez quilômetros de vias marginais, 20 passarelas, 15 passagens de fauna e uma rampa de escape, entre outras ações.
Também está previsto o atendimento ao usuário da via com Centro de Controle de Operações (CCO) e Bases do Serviço Operacional (BSO) para apoio das equipes de atendimento médico de emergência, atendimento mecânico e atendimento aos demais incidentes na via.
Proposta revisada
A nova proposta de concessão da BR-381 passou por uma revisão abrangente, atendendo a pedidos do mercado e incorporando mudanças baseadas em estudos técnicos e políticas públicas atualizadas pelo Ministério dos Transportes.
Entre as alterações, está a ampliação de capacidade e melhorias entre os quilômetros 427 e 458,4 (Lotes 8A e 8B), que foram excluídas desta nova versão do projeto de concessão e serão executadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Cinco praças de pedágio
Com um traçado sinuoso (e perigoso) e tráfego intenso de veículos pesados, a Rodovia da Morte tem a duplicação prometida desde a década de 1990. Com a concessão, a rodovia deverá receber investimentos de R$ 5,5 bilhões para melhorias, além de R$ 3,7 bilhões para despesas operacionais.
Entre as melhorias, estão previstos 106 quilômetros de duplicação, 83 quilômetros de faixas adicionais, 51 correções de traçado, além de áreas de escape, pontos de parada e descanso para caminhoneiros e 23 passarelas para a travessia de pedestres.
Para percorrer todo o trecho concedido, o motorista terá que desembolar no total R$ 60,45, segundo preços de pedágio definidos pelo edital. São cinco praças de cobrança nas cidades de Caeté, João Monlevade, Jaguaraçu, Belo Oriente e Governador Valadares. A concessão tem prazo de 30 anos e as obras devem gerar 80 mil empregos.
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