O que se passa com o time do Cruzeiro que não consegue jogar bem, não tem mostrado um futebol animador, tático e com mínima intensidade. O time está acuado, dependendo de jogadas individuais que não acontecem. O coletivo não funciona, a individualidade não aparece e, raras vezes, é vista durante as partidas.
É, na verdade, um amontoado de jogadores em campo, um time de pelada. Leonardo Jardim, até agora, não mostrou a que veio. Cada jogo tem uma escalação diferente. Segundo ele: “É de acordo com o adversário a escalação do meu time, as minhas alterações, as mudanças fazem parte do meu sistema de jogar, da minha metodologia, minha filosofia de trabalho.” Tudo bem, só que esse método no futebol brasileiro não funciona. Foi assim com Jorge Sampaoli, no Atlético, Eduardo Coudet e, repetido com Gabriel Milito, não deu certo, não deu liga.
Não é necessariamente fazer muitas mudanças. Se é para jogar de acordo com o estilo do adversário, bastariam duas modificações para neutralizar os pontos fortes do rival.
O futebol brasileiro tem suas características próprias, uma cultura que não se consegue mudar da noite para o dia.
Não se pode mudar totalmente o estilo brasileiro de jogar. Não se pode mudar radicalmente, mesmo diante de toda a modernidade que o futebol exige, como na Europa.
O coletivo sempre será fundamental: a harmonia no elenco, o entrosamento para cada e qualquer escola de futebol. Muda-se o estilo, a dinâmica, mas o coletivo, jamais. A individualidade se torna protagonista quando surgem momentos de necessidade. É um diferencial, excepcionalmente um craque — ele muda o ritmo da partida, decide o jogo com sua magia. Esse jogador poucos times têm em seu elenco.
Os grandes da Europa e alguns no Brasil possuem alguns desses diamantes já lapidados, como Hulk, no Galo; Arrascaeta e Bruno Henrique, no Flamengo; Veiga e Estevão, no Palmeiras; Neymar, no Santos (quando quer jogar); Lucas Moura, no São Paulo; Memphis Depay, no Corinthians.
Poderia citar mais alguns, mas você, caro leitor desportista, sabe muito bem onde estão esses fenômenos. Eles brilham quando as coisas estão difíceis no coletivo, na marcação forte, em ocasiões especiais.
Portanto, meu nobre e sábio treinador Leonardo Jardim: no Brasil, o desempenho não conta, não manda muito, porém os resultados definem a trajetória do time e a permanência no comando técnico. É o resultado ou nada. No futebol brasileiro se joga por resultados. Se eles não vêm, nada feito — sobra para o técnico. A torcida não perdoa, a crônica também, e os conselheiros são pressionados a fazerem a mudança.
Há também uma desconfiança que paira sobre as cabeças de todos na China Azul, na imprensa e, de modo geral, nos bastidores do Cruzeiro.
Uma folha de pagamento de R$ 20 milhões, com empresários levando por mês R$ 200 mil de comissão.
Entre os jogadores existe muita diferença salarial. Há muito ego entre eles e falta harmonia. Entre jogadores (elenco) e treinador/comissão técnica existe diálogo aberto ou insatisfação? Entre as opiniões do dono da SAF e Alexandre Mattos, há controvérsias? Está faltando entendimento de todos.
Fora de campo, o Cruzeiro terá que se ajustar, falar a mesma língua e caminhar junto, sem divisão.
Em campo, o time terá que mostrar empenho, desempenho e resultados sob o comando de Leonardo Jardim.
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