Hoje escrevo sobre o maior craque do futebol amador de todos os tempos no Vale do Aço, onde mais jogou, em Ipatinga. Cléber Martins dos Santos, ou simplesmente Cléber, da Usipa. Um meio campista, meia armador, meia atacante, segundo volante, com todas as nomenclaturas da posição onde atuou, vestindo a camisa da Usipa (Associação Esportiva e Recreativa Usipa), durante as décadas de 80 e 90.
Tive o privilégio de entrevistá-lo inúmeras vezes, como repórter de campo pelas emissoras em que trabalhei nessa época, rádio Educadora, Vanguarda, Itatiaia e pelo nosso Jornal Classivale. Tive também o privilégio de vê-lo jogar, desfilar a sua arte, a sua categoria e o seu talento em campo. Um jogador completo, de ótima visão de jogo, uma boa leitura da partida, decidido em lances que impactavam no resultado. Sabia fazer com primazia um lançamento que deixava o companheiro na cara do gol. Em cobranças de faltas, era excelente, perfeito. Dentro da área, ótimo cabeceador. Com chutes a meia e longa distância era o terror dos goleiros que se desdobravam para evitar o gol, quando possível.
Cléber era um jogador que se posicionava muito bem, inteligente, jogava de cabeça erguida, protegia a bola como ninguém, era difícil tirar a bola de seus pés; como protegia a redondinha. Impressionante a sua movimentação e liderança em campo. Este foi o craque que vi jogar, diria o saudoso Jorge Curi, craque com aço, “CRACAÇO”!
Todos que jogaram, assistiram, acompanharam o futebol amador de Ipatinga, do Vale do Aço, são testemunhas desse meu relato sobre o Cléber.
Cleber me faz lembrar de outro jogador excepcional, como ele, no futebol amador da Zona da Mata, Ruy Fontes, no final da década de 60 e na década de 70. Jogou pelo Viçosa Atlético Clube e pelo Palmeirense, de Ponte Nova. Seu nome se tornou uma lenda naquela região: Ruy Fontes! A exemplo de Ruy Fontes, Cleber também é uma lenda no Vale do Aço. Ambos foram convidados para jogarem em times profissionais, convidados. Ambos tinham qualidades técnicas absurdas. Ruy no Vasco de Tostão. Cléber, no Santos, na época de Paulinho Batistote.
Outra grande coincidência entre eles é que ambos usavam a camisa 8, jamais quiseram vestir a 10, que era mais natural e adequada pela posição e pelo exímio futebol que praticavam. A camisa dez seria a mais adequada, a que mais se identificava com um deus da bola, um Rei, um tal de Pelé, que a partir de sua consagração mundial, este número passou a ser místico. Só vestia a dez quem tinha muita bola para ostentá-la.
Mas esses dois astros, expoentes maiores do nosso futebol raiz, eram acima da média, porém modestos, simples e humildes. Só não foram profissionais porque não quiseram, e porque tinham outros caminhos a seguir, a prioridade da família do Ruy era que ele, inteligente, intelectual, concluísse a graduação em Agronomia na UFV, e depois a pós, mestrado e doutorado (hoje funcionário da Embrapa).
O Cléber também por opção da família seguiu o seu caminho na Usiminas, estudando, desenvolvendo a sua capacidade de liderança, intelectualidade dentro da empresa, onde se sentia mais seguro, e está até hoje.
Foram profissionais no futebol amador, não só na arte de jogar futebol, mas pelo caráter, dentro e fora do campo, como homens. Exemplos de cidadãos.
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